"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Ao vivo #97














Laurel Halo + Tropa Macaca @ MusicBox, 10/11/2012

Aqui há coisa de meio ano, aquando da anterior passagem de Laurel Halo pelo burgo, apontava a esta jovem norte-americana algumas carências ao nível da qualidade vocal. Entretanto, após repetidas audições de Quarantine, o excelente álbum em que faz um maior uso da voz e que acabou por trazer algum arejamento ao soturno catálogo da Hyperdub Records, a estranheza inicial parece ultrapassada. Ainda que assim não fosse, esse pormenor não constituiria senão no concerto do passado sábado, pois neste, apenas em um dos temas a moça nascida Ina Cube se apodera do microfone. No resto, a voz surge apenas samplada pois, desta feita, opta por uma actuação baseada numa "remistura" em directo, ao invés de apresentar os temas próximos das suas versões gravadas. Em regime non-stop, funde a essência do último álbum e do EP que o antecedeu sem, contudo, ocultar traços de reconhecimento. Mais do que mera curiosidade, o espectáculo acaba por revelar uma outra faceta de Halo, diga-se, desempenhada com assinalável destreza. Por seu turno, a sua música, normalmente mais dada ao deleite auditivo em privado, ganha um balanço rítmico que a atira para as pistas de dança menos dadas ao previsível.

Com algum atraso relativamente ao previsto, a abertura da noite coube à dupla portuguesa Tropa Macaca, um casal já com algum currículo nos meandros "exploratórios" da música nacional. Recentemente editaram pela Software Records, selo fundado por Daniel Lopatin (Oneohtrix Point Never) com crescente reputação no meio. E diga-se que o meio dos Tropa Macaca não é o da convencionalidade, algo que fazem questão de deixar claro ao primeiro tema, no qual a guitarra liquifeita próxima de uns Durutti Column encontra oposição nos processamentos electrónicos desconexos. A sensação inicial só pode ser de estranheza, dissipada progressivamente nos temas seguintes, com maior homogeneidade das texturas sonoras, varáveis entre o idílico e a afronta noisy. Ficam do concerto boas impressões para exploração futura.

1 comentário:

O Puto disse...

Vi-a em Guimarães e gostei do formato ao vivo, demarcado do registo gravado. Tive pena de não a ouvir cantar mais, mas algo me diz que ainda vai fazer mais uso da sua voz.
Quanto aos Tropa Macaca, vi-os há uns anos em Vila Real. Tenho que ouvir o novo disco (já o tinha "visto" no site da Mexican Summer) para fazer comparações. Abraço!